quarta-feira, 27 de agosto de 2008

REDAÇÃO: ESQUEMA BÁSICO

A QUALIDADE DE VIDA NA CIDADE E NO CAMPO

É de conhecimento geral que a qualidade de vida nas regiões rurais é, em alguns aspectos, superior à da zona urbana, porque no campo inexiste a agitação das grandes metrópoles, há maiores possibilidades de se obterem alimentos adequados e, além do mais, as pessoas dispõem de maior tempo para estabelecer relações humanas mais profundas e duradouras.
Ninguém desconhece que o ritmo de trabalho de uma metrópole é intenso. O espírito de concorrência, a busca de se obter uma melhor colocação profissional, enfim, a conquista de novos espaços lança o habitante urbano em meio a um turbilhão de constantes solicitações. Esse ritmo excessivamente intenso torna a vida bastante agitada, ao contrário do que se poderia dizer sobre a vida dos moradores da zona rural.
Além disso, nas áreas campestres há maior quantidade de alimentos saudáveis. Em contrapartida, o homem da cidade costuma receber gêneros alimentícios colhidos antes do tempo de maturação, para garantir maior durabilidade durante o período de transporte e comercialização.
Ainda convém lembrar a maneira como as pessoas se relacionam nas zonas rurais. Ela difere da convivência habitual estabelecida pelos habitantes metropolitanos. Os moradores das grandes cidades, pelos fatores já expostos, de pouco tempo dispões para alimentar relações humanas mais profundas.
Por isso tudo, entendemos que a zona rural propicia a seus habitantes maiores possibilidades de viver com tranqüilidade. Só nos resta esperar que as dificuldades que afligem os habitantes metropolitanos não venham a se agravar com o passar do tempo.

GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo, Scipione, 1996.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Técnicas de entrevista

Técnicas de entrevista
Pedro Celso Campos (*)
1. Definições
Luiz Beltrão (A imprensa informativa; São Paulo, Folco Masucci) define a entrevista como "a técnica de obter matérias de interesse jornalístico por meio de perguntas e respostas". A entrevista é um dos instrumentos de pesquisa do repórter. Com os dados nela obtidos ele pode montar uma reportagem de texto corrido, em que as declarações são citadas entre aspas, ou pode montar um texto tipo perguntas e respostas, também chamado "pingue-pongue".
Segundo Luiz Amaral (Técnicas de jornal e periódico; Rio, Tempo Brasileiro, 1987) podem-se distinguir dois tipos de entrevista: a de informação ou opinião (quando entrevistamos uma autoridade, um líder ou um especialista) e a de perfil (quando entrevistamos uma personalidade para mostrar como ela vive, e não apenas para revelar opiniões ou para dar informações). Em ambos os casos há interesse do leitor, e o jornalista será sempre um intermediário representando seu leitor (ou receptor) diante do entrevistado. Na primeira situação, quando se trata de divulgar informações e opiniões, mesmo para produzir uma simples nota, é conveniente e necessário o jornalista repercutir o material com outras fontes envolvidas com o fato, checando a informação.
Fábio Altman (A arte da entrevista: uma antologia de 1823 aos nossos dias; São Paulo, Scritta, 1995) diz que "a entrevista é a essência do jornalismo". Segundo Altman, "a entrevista transforma o cidadão comum em líder, dono da palavra, professor, uma pessoa incomum".
Em Técnicas de codificação em jornalismo-redação, captação e edição do jornal diário; São Paulo, Ática, 1991, Mário Erbolato conta que as origens da entrevista remontam a 1836, quando James Gordon Bennet fez perguntas a Rosina Townsend, proprietária de um prostíbulo de Nova York no qual ocorrera um assassinato classificado, então, como "sensacional".
Segundo Juarez Bahia ( "Jornal, História e Técnica – História da Imprensa Brasileira". São Paulo: Ática, 1990 ) um dos requisitos mais importantes, na entrevista, é a autenticidade, isto é, que as declarações atribuídas ao entrevistado possam ser facilmente provadas.
Carlos Tramontina ( "Entrevista". Rio: Globo, 1996 ) lembra que todo entrevistador faz a mesma coisa: perguntas. Mas cada um desenvolve um estilo próprio, prepara-se de maneira diferente e usa de variadas estratégias para conseguir boas respostas. Afinal, não há boa entrevista sem bom entrevistador.
Voltando a Fábio Altman: "Perguntas frouxas e equivocadas pressupõem respostas do mesmo teor. A inteligência das questões e a descoberta do mote correto podem transformar conversas aparentemente inócuas em grandes depoimentos." Pode-se dar como exemplo a série de encontros informais entre o ex-presidente Figueiredo e o repórter Orlando Brito em caminhadas pela Praia de Copacabana ou a fita de vídeo que ele concordou em gravar num fim de festa, em 1997, onde fez revelações sobre as entranhas do poder militar. Em agosto de 1994, com o microfone aberto e a imagem fora do ar, Carlos Monforte, da TV Globo, transmitiu ao país confidências escabrosas do então ministro Rubens Ricupero. (Todos se lembram: "O que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde").
Para o professor José Salomão David Amorin, da UnB, "no Brasil as orientações para uma boa entrevista, em certos cursos de jornalismo, têm sido reduzidas a conselhos gagás do tipo quando for entrevistar um sujeito telefone para saber se ele está em casa; quando ele atender ao telefone diga-lhe bom dia; não compareça a uma entrevista sem gravata..."
Edgar Morin (A entrevista nas ciências sociais, no rádio e na televisão; Cadernos de Jornalismo e Comunicação, 11, Rio de Janeiro, 1968) define a entrevista como "uma comunicação pessoal, realizada com objetivo de informação". O professor Mário Erbolato lembra que "a entrevista é um gênero jornalístico que requer técnica e capacidade profissional. Se não for bem conduzida, redundará em fracasso". Segundo Alexandre Garcia, citado no livro de Tramontina, quem mais perde com o fracasso de uma entrevista é o entrevistador, porque no dia seguinte ele vai fazer a mesma coisa, enquanto o entrevistado sai de cena.
"Entrevistar não é somente fazer uma pergunta, esperar uma resposta e juntar à resposta outra pergunta. É um exercício profissional trabalhoso e ingrato. Quase sempre quanto maior é o interesse do jornal em conseguir a entrevista, menor o do entrevistado em concedê-la, e vice-versa. Na medida em que cresce o interesse do jornal, crescem também os problemas do entrevistador", garante Luiz Amaral (Jornalismo – Matéria de primeira página; Rio, Tempo Brasileiro, 1997), citando, em seguida, Joseph Folliet (Tu seras journaliste; Lyon, Chronique Sociale de France, 1961): Esse gênero exige muita intuição, delicadeza, perfeito conhecimento do assunto, do entrevistado, de sua vida e de sua obra, uma grande probidade – um exterior, enfim, que inspire confiança e incite à confidência.
Na opinião do professor de Jornalismo da Federal de Santa Catarina Nilson Lage (A reportagem – teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística; São Paulo, Record, 2001), a palavra entrevista é ambígua. Ela tanto significa o diálogo com a fonte, como a matéria publicada.
2. Estratégias
Grandes entrevistadores adquirem técnicas que transformam o jogo de perguntas e respostas numa espécie de xadrez, conseguindo arrancar declarações que o entrevistado não pretendia fazer. Mas não basta ter experiência. É preciso trabalhar duro antes da entrevista, pesquisando tudo sobre os temas a serem tratados e sobre o entrevistado.
Depois de bem preparado (de preferência um dia antes), o entrevistador deve fazer um roteiro com começo, meio e fim. O objetivo não é bitolar e restringir o desempenho do entrevistador, mas ser uma base referencial para evitar "brancos" e atropelos.
É importante que o entrevistador seja o condutor da entrevista. Mas só estará no comando se estiver bem-informado e bem preparado. "É estimulante para o entrevistado, nos momentos em que a fala se interrompe, perceber que o entrevistador está compreendendo o enunciado... se o entrevistado declarou que a economia vai bem, uma observação óbvia, tal como ‘o senhor é então otimista quanto aos acontecimentos do futuro próximo’ vale não por seu conteúdo, mas pela demonstração de interesse e entendimento. Dependendo, no entanto, das circunstâncias, pode ser conveniente apresentar um dado de contestação, no momento adequado, para obter maior espontaneidade, expansão ou aprofundamento", ensina o professor Lage.
O ideal é que a entrevista flua espontaneamente, cada resposta permitindo o "encaixe" da pergunta seguinte. Afirma Carlos Tramontina que "a estratégia mais produtiva é aquela baseada na informação: jamais um entrevistado experiente conseguirá fugir das perguntas ou esconder os fatos se diante dele estiver sentado um entrevistador cheio de informações".
Exemplo: em fevereiro de 1969, ao entrevistar o temível general Vo Nguyen Giap, em Hanói, sobre a guerra que ele comandava no Vietnã do Norte contra os americanos e os sul-vietnamitas, entre o final dos anos 60 e inícios dos anos 70, a jornalista italiana Oriana Falacci, trabalhando para o jornal L'Europeo, levou o líder vietnamita a revelar, com franqueza inédita, tudo o que pensava sobre seus inimigos americanos, conforme conta Fábio Altman (obra citada). Bem preparada para a entrevista, Oriana teve o cuidado de levar ao tenso ambiente do seu interlocutor duas companheiras que faziam as anotações enquanto ela enfrentava o olhar fixo do general. Nesses casos é impossível ao repórter anotar e dialogar ao mesmo tempo.
Foi nesse clima que a jornalista italiana ousou contradizer o entrevistado, classificando de derrota do Vietnã do Norte a Ofensiva do Tet. Segundo ela contou depois, o general se levantou nervoso, caminhou ao redor da mesa e, com braços estendidos, exclamou: "Diga isto à Frente de Libertação." Oriana respondeu: "Primeiro estou perguntando ao senhor, general."
É prática usual entre entrevistadores mais experientes usar a estratégia de começar a entrevista com atitudes ou comentários bem-humorados para deixar o interlocutor à vontade, referindo-se a um jogo importante ou a algo curioso e de conhecimento comum. Em 27 de junho de 1989, ao entrevistar o deputado Ulisses Guimarães, Jô Soares pediu ao garçom que lhe servisse uma dose de Poire (licor de pêra), bebida preferida do Sr. Diretas e de seus colaboradores mais próximos. No dia seguinte, ao entrevistar outro candidato à Presidência da República, Jô chamou a atenção para o sapato Vulcabrás 752 que Paulo Maluf usava e do qual era garoto-propaganda.
Carlos Tramontina diz que "constrangimentos entre quem pergunta e quem responde fazem parte da atividade da imprensa. Geralmente os homens públicos, que têm mais experiência no contato com a mídia, não se surpreendem". Esse tipo de entrevista é definida como "confronto" por Nilson Lage: "É a entrevista em que o repórter assume o papel de inquisidor, despejando sobre o entrevistado acusações e contra-argumentando, eventualmente com veemência, com base em algum dossiê ou conjunto acusatório. O repórter atua, então, como promotor em um julgamento informal. A tática é comum em jornalismo panfletário, quando se pretende ‘ouvir o outro lado’ sem lhe dar, na verdade, condições razoáveis de expor seus pontos de vista." O autor reconhece que muitas vezes esse tipo de entrevista pode se transformar num espetáculo de constrangimento, principalmente quando transmitida ao vivo, no rádio ou na televisão.
Para Alexandre Garcia, "a pergunta embaraçosa pode ter duas conseqüências: desmontar o entrevistado a ponto de ele contar tudo o que sabe, ou irritá-lo a ponto de passar a responder tudo com monossílabos", matando a entrevista. Alexandre recomenda que o repórter estude o perfil psicológico do entrevistado para saber se deve conduzir a entrevista "batendo ou assoprando". Ele também ensina a preparar emboscadas para o entrevistado: você faz uma pergunta sabendo de antemão qual será a resposta, porque ela é óbvia, previsível, ou porque já foi dada antes. Logo em seguida faz a pergunta-chave da entrevista.
É uma estratégia que se aplica melhor às entrevistas longas.
Às vezes é o caso de entrar direto no assunto, como fizeram os repórteres de Veja ao entrevistar Pedro Collor a quem a mãe, Leda, vivia pedindo que fosse ao médico examinar a cabeça. Naquela entrevista, segundo os repórteres, a primeira pergunta foi: "O senhor se considera louco?" É um modo de balizar o terreno para que o leitor saiba com quem está falando. Se Pedro Collor admitisse problemas mentais suas declarações não teriam a mesma força. Morreu tempos depois com um tumor na cabeça...
Em determinados casos, o experiente Alexandre Garcia usa outra estratégia que exige muito domínio da situação: – Eu me finjo de bobo, que não sei das coisas, para que o entrevistado se sinta mais forte, superior a mim e seguro de si. Nessa situação ele fica mais à vontade, revela mais coisas e abre a guarda. É aí que eu entro. Alexandre diz que age assim porque, na sua opinião, o entrevistado tem medo do jornalista, pois uma entrevista publicada pode gerar muitas conseqüências.
A história está cheia de exemplos sobre a força que uma entrevista tem em certas circunstâncias. A entrevista de Getúlio Vargas a Samuel Wainer na estância gaúcha do ex-presidente, publicada por O Jornal, do Rio de Janeiro, em 3/3/1949, abriu caminho para a volta do ditador ao poder. A já citada entrevista de Pedro Collor provocou o impeachment de Fernando Collor e o desbaratamento do Esquema PC. As entrevistas em off conseguidas por Carl Bernstein e Bob Woodward, no caso Watergate, levaram à renúncia o homem mais poderoso do mundo, o presidente dos EUA Richard Nixon. Costuma-se datar o início da revolução sexual feminina, no Brasil, a partir da entrevista que Leila Diniz deu ao Pasquim, em 21-26/11/1969, ao chegar dos EUA.
3. Cuidados
Alguns cuidados ajudam o entrevistador a evitar problemas na hora de transformar a entrevista em notícia. Uma precaução é sustentar o diálogo com o entrevistado tratando-o do modo mais coloquial, seja pelo primeiro nome ou pelo cargo, conforme as circunstâncias: soaria ridículo tratar um cantor popular ou um ator de "Senhor": Sr. Chico Buarque, Sr. Caetano Veloso, Sr. Roberto Carlos, Sra. Carla Peres... Nos diálogos com um deputado, um ministro, um senador, usa-se o nome do cargo. Em coletivas ou locais solenes, chama-se o presidente da República de "Sr. presidente".
É preciso desenvolver, também, uma técnica pessoal para observar se o entrevistado está mentindo. A este respeito, conta Luiz Amaral que depois de entrevistar milhares de homens e mulheres sobre casos sexológicos, o Dr. Alfred Kinsey respondeu, certa vez, ao lhe indagarem se ele sabia até que ponto eram verdadeiras ou não as confissões que lhe eram feitas: ‘É muito simples. Eu as encaro de frente. Inclino-me para diante. Faço as perguntas rapidamente, uma depois da outra. Não as perco de vista. Naturalmente, se vacilam posso saber que estão mentindo’".
Em casos de entrevistas ao vivo pode acontecer o acidente do "dar um branco", mesmo quando se entrevistam pessoas que o país inteiro conhece. Nunca é demais ter o nome do entrevistado bem à mostra, além do seu cargo exato.
Conta-se que até o experiente Boris Casoy já sofreu com isso porque o editor se esqueceu (ou achou que nem precisava ) de colocar no script do apresentador o nome do entrevistado daquela noite, no SBT. E na hora de apresentar o entrevistado, entre uma matéria e outra, Boris começou: "Estamos aqui com um grande nome da Música Popular Brasileira, um homem extremamente conhecido de vocês, que agora está atuando na política... vereador em Salvador... um compositor maravilhoso... um compositor de mão-cheia..." A apresentação não acabava mais porque Boris não conseguia lembrar-se do nome de Gilberto Gil sentado à sua frente, saindo-se com esta: "Ele dispensa apresentações."
"Mais do que em qualquer outro veículo, a entrevista televisiva devassa a intimidade do entrevistado, a partir de dados como sua roupa, seus gestos, seu olhar, a expressão facial e o ambiente. A produção, nos talk shows televisivos, é geralmente mais cuidada e o entrevistador, violando um dos preceitos básicos da entrevista jornalística, pode tornar-se a estrela do programa, com todo prejuízo que isso traz para a informação – não necessariamente para o espetáculo", observa Nilson Lage. Para o rádio, ele recomenda um tom mais coloquial.
É importante, ainda, entender por que as pessoas geralmente gostam de dar entrevistas. Não é apenas porque precisam se comunicar, mas por vaidade, na avaliação de Boris Casoy. Por isto ele acha que um elogio inicial "lubrifica" e a pessoa acaba liberando as portas de sua intimidade, permitindo que o entrevistador chegue à caixa-preta. Para Joelmir Beting (também citado no livro de Tramontina), as pessoas dão entrevistas porque têm informações, idéias ou propostas importantes. Outros, por interesses pessoais ou financeiros. Querem mostrar a empresa, a associação, o sindicato ou o órgão de governo. Mas Joelmir também não se esquece da vaidade: "O pior é que muitos não estão preparados e acabam falando o que não devem, vendo publicado o que não gostariam."
Exemplo foi a entrevista do ex-ministro da Aeronáutica tenente-brigadeiro Walter Werner Brauer, que enviou carta à Veja de 10/1/2000 desmentindo referências elogiosas a Hitler contidas na entrevista à repórter Sandra Brasil na edição anterior. Joelmir conta, com orgulho, que não é amigo de nenhum ministro ou qualquer outra autoridade do governo. Faz questão de não dever favores porque quer se manter livre e independente em seu trabalho.
4. Gravar ou anotar
Cada repórter desenvolve um método pessoal de documentar a entrevista. Alguns preferem confiar na memória, o que é perigoso quando a declaração envolve números ou nomes de difícil entendimento. Outros preferem anotar, porém em alguns casos é difícil sustentar um diálogo e anotar ao mesmo tempo, como já foi visto na técnica usada por Oriana Fallaci ao entrevistar o general Giap. O mais garantido é gravar. Mas até isto pode dar problemas, porque o gravador pode falhar e surpreender o repórter na fatídica hora do fechamento do jornal. O recomendável é, além, de gravar, reconstituir a entrevista com base em palavras-chave que o repórter anota, indicando os temas principais na seqüência em que ocorreram. Isso geralmente basta para, passado um período curto de tempo, reproduzir com fidelidade discursos não muito extensos ou complicados (Lage, 2001) Também há entrevistados que se intimidam com o gravador ligado, temendo falar alguma bobagem e não poder voltar atrás ou com receio de que a gravação se torne um documento de uso futuro.
Cada caso é um caso.
Boris Casoy, por exemplo, no depoimento a Tramontina (obra citada) conta que, quando trabalhava em jornal impresso, preferia gravar a entrevista com dois gravadores por via das dúvidas. Também há diferentes modos de veicular a entrevista. Ela pode servir apenas como banco de dados para reforçar uma reportagem; as citações podem ser colocadas entre aspas ao longo do texto corrido ou também se pode usar o já referido formato de perguntas e respostas, tal como foi gravada a entrevista.
Nos casos de denúncias, este último é o melhor sistema porque não deixa margem a dúvidas sobre a interpretação do repórter. Foi o que aconteceu com o "grampo do BNDES" em 1999. A Folha de S.Paulo soltou o conteúdo das fitas aos poucos, reproduzindo na íntegra os diálogos que comprometeram ministros e autoridades do governo FHC com favorecimentos na privatização da telefonia no país.
Boris Casoy ensina que o entrevistador não deve ter vergonha de perguntar tudo o que precisa saber, senão fará um texto falho, incompleto. "O bom profissional é aquele que consegue transmitir ao leitor, num texto sintético e conciso, todos os conceitos, com precisão", diz.
5. Direitos do entrevistado
Além das técnicas de entrevista, o jornalista também deve levar em conta os direitos do entrevistado. Segundo Caio Túlio Costa (O relógio de Pascal – A experiência do primeiro ombudsman da imprensa brasileira; São Paulo, Siciliano, 1991), nos EUA as vítimas de entrevistas deturpadas ou fraudadas podem recorrer ao Centro Nacional das Vitimas, com sede em Forth Worth, no Texas, que defende os seguintes direitos dos entrevistados:
1. De dizer não a um pedido de entrevista. 2. De escolher um porta-voz ou um advogado da sua preferência. 3. De escolher a hora e o local para entrevistas. 4. De requisitar um repórter de sua escolha. 5. De recusar entrevista a um repórter específico, mesmo que você tenha prometido entrevistas a outros repórteres. 6. De dizer não a uma entrevista mesmo que você tenha dito anteriormente que daria entrevistas. 7. De excluir crianças de entrevistas. 8. De não responder perguntas que julgue desconfortáveis ou inapropriadas. 9. De saber com antecedência quais direções a história vai tomar. 10. De pedir para rever suas declarações antes da publicação. 11. De recusar coletivas de imprensa e falar com cada repórter por vez. 12. De pedir retratação quando informações imprecisas forem reportadas. 13. De pedir que fotografias ou imagens ofensivas sejam omitidas na publicação ou não levadas ao ar. 14. De dar entrevistas na televisão mostrando apenas a silhueta ou solicitar que sua foto não seja publicada. 15. De se recusar a responder perguntas de repórteres durante julgamentos. 16. De processar um jornalista. 17. De sofrer na privacidade. 18. De ser tratado com dignidade e respeito pelos meios de comunicação".
Caio Túlio comenta que "tudo isto tem muito a ver com o que os americanos chamam de fair play, o jogo limpo, a transparência do jornalista com seu entrevistado e seus leitores".
(*) Professor de Jornalismo da Unesp-Bauru

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Entrevista: Andreas Schleicher: Medir para avançar rápido

O físico alemão que comanda os rankings de educação da OCDE diz que o Brasil precisa copiar práticas que dão certo em outros países para deixar de vez o grupo dos piores

Monica Weinberg
Paulo Giandalia


"O Brasil passou a ter chances de melhorar quando começou a mapear os problemas de maneira objetiva – e não mais com base na intuição."

Nenhum indicador sobre a qualidade de ensino tem tanto peso e repercussão quanto o Pisa, sigla em inglês para programa internacional de aferição de estudantes, que está sob os cuidados do físico alemão Andreas Schleicher, 44 anos. Há oito, ele é o responsável pela aplicação da prova, uma iniciativa da OCDE (organização que reúne as trinta nações mais desenvolvidas do mundo). Na comparação com 57 países, o Brasil sempre aparece entre os últimos colocados em todas as disciplinas. Situação que Schleicher conhece não apenas por estatísticas mas por suas viagens ao Brasil. Desde que assumiu o cargo, ele já visitou escolas em mais de 100 países – rotina que o mantém sempre longe de Paris, onde mora com a mulher e os três filhos.

Os brasileiros apareceram, mais uma vez, entre os piores estudantes do mundo nos últimos rankings de ensino da OCDE. O que o senhor descobriu ao analisar as provas desses estudantes?
Elas não deixam dúvida quanto ao tipo de aluno que o Brasil forma hoje em escolas públicas e particulares. São estudantes que demonstram certa habilidade para decorar a matéria, mas se paralisam quando precisam estabelecer qualquer relação entre o que aprenderam na sala de aula e o mundo real. Esse é um diagnóstico grave. Em um momento em que se valoriza a capacidade de análise e síntese, os brasileiros são ensinados na escola a reproduzir conteúdos quilométricos sem muita utilidade prática. Enquanto o Brasil foca no irrelevante, os países que oferecem bom ensino já entenderam que uma sociedade moderna precisa contar com pessoas de mente mais flexível. Elas devem ser capazes de raciocinar sobre questões das quais jamais ouviram falar – no exato instante em que se apresentam.

Depois de mais de uma década de avaliações, o senhor vê avanços no caso brasileiro?
Os resultados, apesar de ruins, são sempre um pouco melhores em relação aos anteriores. Além disso, o Brasil passou a ter chance de avançar no momento em que começou a mapear os problemas de maneira objetiva – e não mais com base na intuição de alguns governantes. Isso é básico. Não dá para pensar em melhorar algo que não foi sequer dimensionado. Daí a importância da comparação internacional. Ao olhar os rankings, pais, educadores e autoridades podem começar a fazer comparações e constatar o óbvio: suas escolas estão bem atrás das dos países da OCDE.

O senhor costuma ser procurado por brasileiros insatisfeitos com os resultados?
Isso acontece. Ao saberem do fiasco nos últimos rankings, alguns políticos e especialistas de mentalidade mais atrasada me ligaram revoltados. Diziam: "Vocês estão exigindo dos alunos que falem sobre situações distantes demais da realidade deles. É injusto". A miopia dessa gente a impede de enxergar que o fato de estudantes chineses ou americanos terem a resposta para tais questões não revela apenas um despreparo dos brasileiros, mas mostra também como eles estão em desvantagem na competição com os demais. Não são, no entanto, os únicos a reagir mal.

Quem mais reclama?
Basicamente, todo mundo que não aparece no topo. Basta sair um ranking novo que meu telefone não pára de tocar. Apenas há pouco tempo, as autoridades passaram a usar esse medidor tão eficaz para aferir as próprias deficiências e apontar saídas com base em experiências que dão certo em outros países. Apesar de uma relativa abertura para observar o que se passa em escolas de outros cantos do mundo, espanta como a educação ainda é uma área tão pouco globalizada em sociedades tão modernas.

Por que outros setores são mais globalizados do que a educação?
Ao ficarem circunscritos às suas fronteiras e resistirem à idéia de aprender com a experiência alheia, os países estão movidos por uma espécie de orgulho patriótico sem sentido. O pensamento geral é algo como: "Cada um sabe o que é melhor para suas salas de aula". Essa mesma lógica do isolamento intelectual se repete entre as escolas e, mais surpreendente ainda, entre professores de um mesmo colégio. Pergunte a um deles o que o colega da sala ao lado está fazendo para resolver um problema comum a ambos e ouvirá como resposta: "Não tenho a mais vaga idéia". Nesse cenário, a China é uma ótima exceção e já começa a colher os efeitos positivos.

O que há de extraordinário no exemplo chinês?
Os chineses não demonstram constrangimento em copiar o que funciona nos outros países. Ao contrário: eles são movidos por isso. Em uma visita à China, tive um encontro com o ministro da Educação e ele me surpreendeu ao revelar profundo conhecimento sobre a realidade de algumas das melhores escolas do mundo, como as coreanas e finlandesas. Trata-se de algo raríssimo de ver em qualquer outro país. A China, evidentemente, ainda tem muito que melhorar na educação – mas avança em ritmo veloz. Um novo estudo da OCDE traz um dado espantoso. Em 2015, haverá duas vezes mais chineses com diploma universitário do que na Europa e nos Estados Unidos juntos. Tudo indica também que logo esses estudantes terão acesso, em seu próprio país, a algumas das melhores universidades do mundo.

Por que a China e outros países em desenvolvimento estão à frente do Brasil?
Antes de tudo, por um fator que pode soar abstrato e até demagógico, mas é bastante concreto: são países que decidiram colocar a educação em primeiro lugar. Isso se traduz em medidas bem práticas implantadas por alguns deles. Uma das mais eficazes diz respeito à criação de incentivos para tornar a carreira de professor atraente, de modo que passasse a ser escolhida pelos estudantes mais talentosos. Essa é uma realidade bem longínqua para muitos dos países em desenvolvimento, como o Brasil.

O fato de o salário do professor nesses países ser maior é decisivo para atrair os melhores alunos para as faculdades de pedagogia?
Diria que esse é apenas um dos fatores – mas não o principal. O que faz estudantes brilhantes optar pela profissão de professor é, muito mais do que um salário acima da média, um ambiente em que eles têm o talento reconhecido e a capacidade intelectual estimulada. Além disso, são dadas a eles várias opções de carreira. Os professores podem se tornar diretores, como em qualquer outro país, mas também almejar diferentes funções longe da burocracia de uma escola: alguns atuam como uma espécie de consultor de ensino, com a tarefa de treinar os menos experientes, outros recebem a missão de desenvolver e adaptar currículos. O fundamental para eles é saber que terão mais de uma boa perspectiva nos próximos vinte anos.

Em geral, esses cargos que o senhor citou não existem nas escolas brasileiras...
São funções típicas de países voltados para a idéia de proporcionar ambientes favoráveis ao aprendizado. Essa obsessão se vê o tempo todo no dia-a-dia de tais países. Durante uma viagem à Coréia do Sul, presenciei uma cena emblemática da preocupação das pessoas com o que se passa na sala de aula. Enquanto os estudantes faziam a prova para o ingresso na universidade, as principais avenidas de Seul ficaram fechadas para o tráfego. Quando perguntei ao funcionário do Ministério da Educação a razão daquilo, ele respondeu com naturalidade: "Estudo exige silêncio. Que os motoristas esperem".

A Coréia do Sul investe 7% do PIB na educação e o Brasil 5%. É preciso aumentar o orçamento brasileiro?
Não necessariamente. É evidente que, na comparação com outros países, o Brasil não só investe pouco como, ainda, aplica a maior parte do dinheiro no pagamento de salários de professores. As pesquisas chamam atenção, no entanto, para um aspecto menos visível e mais relevante do problema: as verbas disponíveis são muito mal gastas. Com o atual orçamento, os brasileiros poderiam estar num patamar melhor.

Em sua opinião, como o Brasil faria melhor uso do dinheiro disponível?
Reduzindo as altas taxas de repetência, por exemplo. Os estudos mostram que um aluno reprovado se torna 20 000 dólares mais caro para o estado. Dar a esses estudantes reforço na escola, de modo a evitar a reprovação, sairia bem mais barato. Trata-se de um claro sinal de ineficiência na gestão do dinheiro. Nessa velha ladainha sobre o aumento de verbas para a educação, as pessoas deixam ainda de lado outra questão bastante básica: de nada adianta aumentar o orçamento e continuar a investir num sistema velho e inoperante. É preciso lembrar, no entanto, que a má aplicação das verbas públicas no ensino não é uma exclusividade brasileira.
Por que o senhor diz isso? A educação é um setor com índices de produtividade declinantes no mundo todo: os custos só aumentam, ao passo que o ritmo de avanço na sala de aula é lento demais. Justamente o inverso do que ocorre com as grandes empresas privadas, que conseguem cortar gastos e produzir mais e melhor. Não recebo aplausos quando digo isso em minhas palestras. Tampouco faço sucesso ao afirmar que poucos setores são tão atrasados quanto a educação.

A que o senhor atribui esse atraso?
Os professores ainda conduzem suas aulas guiados muito mais pelas próprias ideologias do que por conhecimento científico. Na prática, eles escolhem seguir linhas pedagógicas motivados por nada além de crenças pessoais e deixam de enxergar aquilo que as pesquisas apontam como verdadeiramente eficaz. Fico perplexo com o fato de a neurociência, área que já permite observar o cérebro diante de diferentes desafios intelectuais, ser tão ignorada pelos educadores. Pior ainda: os educadores são os maiores inimigos dessa ciência. Eles perdem um tempo precioso ao repudiá-la.

Como a neurociência pode ajudar na escola?
Caso consultassem os neurocientistas, os pedagogos já saberiam, por exemplo, algo bem básico sobre o aprendizado de uma língua estrangeira: ele demanda uma imersão no idioma – impossível de ser alcançada com aulas esporádicas ou curtas demais, como é tão freqüente nas escolas. Essas aulas têm efeito próximo a zero, como já foi comprovado por meio da visualização da atividade cerebral. E o que fazem as escolas diante disso? Nada. A educação funciona hoje como a medicina 150 anos atrás.

Por que essa comparação?
Os médicos trabalhavam no século XIX como um professor de hoje: solitários e movidos pela intuição. Tinham pouca clareza sobre a relação de causa e efeito entre os fenômenos sobre os quais se debruçavam. Numa visita a um hospital moderno, essas imagens do passado remetem à Idade da Pedra. Profissionais de diferentes currículos compõem equipes multidisciplinares, amparam-se em novas tecnologias e trocam informações o tempo todo. Se os Estados Unidos chegam a uma conclusão de relevo científico, logo ela é aplicada no Japão. Trata-se de um ambiente em permanente mutação. Nada que faça lembrar o que se passa em boa parte das escolas.

Por que elas são tão antiquadas?
A maioria das escolas ficou congelada no tempo desde o século XIX. Até hoje, elas aplicam conceitos idênticos aos daqueles colégios concebidos para tornar as pessoas compatíveis com a era industrial. Um de seus pilares é a divisão do conhecimento por áreas estanques e incomunicáveis. O outro é o treinamento para a execução de tarefas repetitivas. Enquanto focam demais em idéias do passado, as escolas deixam de mirar uma questão-chave e bem mais atual: o fundamental é que as pessoas aprendam a aplicar esse conhecimento em novas e avançadas áreas – e que não apenas o tenham armazenado. Alguns países já começam a entender isso. Os rankings da OCDE mostram que o Brasil ainda está um passo atrás.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Colonização brasileira e luta , sob a perspectiva indígena

Éramos várias Nações de etnias diferentes (estima-se mais de 1000). Habitávamos este território, hoje chamado de Brasil, onde cada povo tinha sua cultura e tradição. Éramos milhões de indivíduos povoando esta terra.Então surgiram, no horizonte, embarcações cheias de figuras estranhas, jamais vistas pelos nossos antepassados: homens vestidos espalhafatosamente, com o corpo todo coberto -- inadequados ao clima existente --, com uma fala esquisita, incompreensível aos ouvidos. Desembarcaram, e sem pedir licença pisaram em nossas terras (em nossos lares).Nossos ancestrais não sabiam que, aquele exato momento, dava início ao declínio de uma raça! Estes invasores trouxeram paus-de-fogo, micróbios letais e uma cultura incabível a nossa realidade. Sendo assim, Nações inteiras foram dizimadas: milhares de pessoas mortas -- o maior genocídio cometido em todos os tempos. - E como se não bastassem todas essas catástrofes, as nossas riquezas naturais foram roubadas, eram elas pedras preciosas, nossa fauna, e nossa flora. Os nossos invasores passaram a ser detentores de tudo que possuíamos. Ainda hoje, nos dias hodiernos, usufruem o que retiraram do nosso solo sagrado.Essas pessoas, até então desconhecidas, queimaram as habitações, violavam os locais sagrados, destruíram as plantações, estupraram as mulheres e mataram todos aqueles que não se submeteram às suas ordens. Ceifaram a vida de todos que encontraram no caminho, dos mais velhos às crianças -- de todas as idades. Foi um verdadeiro crime de guerra! Uma barbárie foi implantada pelos gananciosos, que violaram nosso direito originário. Soldados desses invasores recebiam soldos por retirarem a maior quantidade de testículos dos homens, das mais variadas Nações encontradas, e entregue aos seus superiores: estratégia brutal utilizada para pôr fim à história dos verdadeiros donos do território que foi invadido (regiões próximas ao litoral). Os mais resistentes fugiram floresta adentro, os capturados foram submetidos ao regime de escravidão e proibidos de exercerem a liberdade de expressão (cultura e tradição). Várias línguas se perderem ao longo do tempo, através dessas medidas proibitórias. Os que não puderam fugir tiveram seus hábitos modificados à força, foram submetidos a práticas alheias, tiveram de modificar os seus hábitos alimentares, a forma com a qual se vestiam, a linguagem e as crenças; sendo, desta maneira, imposta à miscigenação.Fazia parte da cultura dos invasores, os chamados por nós "homens brancos", a escrita e instrumentos poderosos capazes de fazer tombar vários corpos sem vida ao chão. Essa condição proporcionou-lhes vantagens para que se tornassem vitoriosos. -- Alguns dos nossos, chegaram a acreditar que tais brancos fossem deuses enviados para levá-los a um lugar melhor para se viver. Em contrapartida, éramos vistos como seres humanos selvagens, como animais encarnados à forma humana (visão preconceituosa ainda existente na sociedade em que vivemos).Séculos se passaram e ainda lutamos! Resistimos contra todas as práticas de violação dos direitos humanos, sofridas até hoje. Guardamos em nossas entranhas os nossos segredos, os nossos hábitos e crenças; em nossos genes continua guardado o espírito de sobrevivência. Ainda lutamos. Para termos direito de continuarmos à vida, retomando nossos territórios, resgatando através dos nossos velhos nossa verdadeira identidade. Ainda somos discriminados, descaracterizados e ridicularizados pelos nossos costumes, nossos valores. Preservamos a Mãe Natureza e amamos tudo que existe, não possuímos a ganância, a vontade de acumular bens enquanto os outros vivem na miséria. Acreditamos nos espíritos dos nossos antepassados, na nossa medicina natural, cantamos e dançamos para reverenciar e agradecer ao nosso Deus por tudo que alcançamos. Para nós não existe o feio e o pobre, nem o pior. O que nos indigna é o mal impregnado que destrói tudo e todos: estão destruindo o planeta, conseqüentemente a vida de todos, não conseguem parar porque o orgulho que possuem não permite enxergar a verdadeira essência, são robôs-humanos, teleguiados para autodestruição. Não podemos mais caçar, pescar, e nem plantar, porque os herdeiros das Nações hipócritas e gananciosas continuam praticando o extermínio, através da sua cultura progressista. Eles podem tudo, nós não podemos nem mesmo ter o direito de continuar vivendo, lutando para que nossas futuras gerações possam perpetuar. -- Nós não queremos uma luta de raças, pois acreditamos que, apesar das diferenças, o ser humano compõe uma única raça, portanto somos todos diferentes e ao mesmo tempo todos iguais. O que queremos é que essa igualdade vista por nós, seja vista por todos: queremos igualdade social e respeito.No entanto, representamos uma ameaça ao mundo dito "civilizado", somos os primitivos, os selvagens, o feio, o esquisito, porque não nos rendemos e respeitamos a nossa cultura, fazendo com que esta prevaleça entre nós. Ainda não tomaram tudo que possuímos e não irão conseguir, porque possuímos um bem maior: a dignidade. Somos mais de 225 etnias diferentes e mais de 170 línguas faladas, aqui no BRASIL!

Auere!Yakuy Tupinambá

sábado, 2 de agosto de 2008

Historia-Brasil Recem Descoberto


1519 - Terra Brasilis - integrante do chamado "Atlas Miller", atribuído a Lopo Homem-Reinéis, atualmente na Biblioteca Nacional de França, em Paris. Trata-se de uma carta, manuscrita sobre pergaminho, com detalhada nomenclatura em latim (cento e quarenta e seis nomes), mostrando a costa brasileira desde o Maranhão até ao rio da Prata. As ricas iluminuras mostram os indígenas, alguns envolvidos na atividade de exploração de pau-brasil.