sábado, 25 de outubro de 2008

EDITORIAL

Onda bravia
Bastaram dois dias, se tanto, para o governo federal enxergar o tamanho exato da onda e calcular o seu fragor em decibéis. No sábado passado, o presidente Lula dizia, ainda com rasgos ufanistas, que a turbulência financeira internacional, se chegasse às nossas praias, seria de forma discreta, reduzida a simples marola. Na segunda-feira, quando o dólar subiu a R$2,20, maior cotação em dez anos, ele admitia, afinal, o tsunami financeiro.

Clausewitz, teórico da arte bélica, considerou a guerra assunto muito sério para decisão única de generais. Parafraseando-o, em momento de crise mundial, diríamos que a economia é assunto sério demais para economistas – sobretudo, economistas oficiais. É o mínimo a deduzir do pânico que, de repente, assalta a nau-capitânia das finanças nacionais.

Os cordões da bolsa bancária, que pareciam frouxos, com sobras para quantos pedissem créditos, são apertados de chofre. A bolsa suspende os pregões na tentativa de deter a velocidade da queda. E as carteiras dos bancos de menor porte esvaziam-se num átimo, mal a onda começa a espraiar-se. Seis medidas heróicas foram tomadas segunda-feira, para salvar a nossa já agora ameaçada saúde financeira.

Reunidos, o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central receitaram injeções de dinheiro grosso para fortalecer empresas, regular o comércio externo, intervir no mercado futuro contra a disparada do dólar. Para isso, recorrem às reservas cambiais antes mencionadas com evidente galhardia. Mas deixam pendente a pergunta incômoda: até quando ou até que ponto elas podem socorrer sem desequilibrar as contas externas e malbaratar o mercado interno.

Efeitos nocivos já repercutem no bolso e afetam o crédito, que antecipa sinais de escassez. Na fatal segunda-feira, à noite, quando todos os gatos parecem pardos, o presidente Lula assinou medida provisória com indicativos às instituições para o combate iminente. Em suma, na base de frases de efeito e discursos edulcorados,o governo vendia ao País um peixe que não costuma nadar em águas de mar revolto, onde evoluem os polvos de tentáculos cada vez mais asfixiantes.

O mar da economia se encapela, as marolas se transformam em vagalhões. Além da possível blindagem do barco, seria necessário pulso firme no leme e, em especial, binóculo de longo alcance.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A abordagem de temas polêmicos:

A pena de morte Cogita-se, com muita freqüência, da implantação da pena de morte no Brasil. Muitos aspectos devem ser analisados na abordagem dessa questão.
Os defensores da pena de morte argumentam que ela intimidaria os assassinos perigosos, impedindo-os de cometer crimes monstruosos, dos quais costumeiramente temos notícia. Além do mais aliviaria, em certa medida, a superlotação dos presídios. Isso sem contar que certos criminosos, considerados irrecuperáveis, deveriam pagar com a morte por seus crimes bárbaros.
Outros, porém, não conseguem admitir a idéia de um ser humano tirar a vida de um semelhante, por mais terrível que tenha sido o delito cometido. Há registros históricos de pessoas executadas injustamente, pois as provas de sua inocência evidenciaram-se após o cumprimento da sentença. Por outro lado, a vigência da pena de morte não é capaz de, por si só, desencorajar a prática de crimes: estes não deixaram de ocorrer nos países em que ela é ou foi implantada.
Por todos esses aspectos, percebemos o quanto é difícil nos posicionarmos categoricamente contra ou a favor da implantação da pena de morte no Brasil. Enquanto esse problema é motivo de debates, só nos resta esperar que a lei consiga atingir os infratores com justiça e eficiência, independentemente de sua situação socioeconômica. Isso se faz necessário para defender os direitos de cada cidadão brasileiro das mais diversas formas de agressão das quais é hoje vítima constante.


GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo, Scipione, 1996.